23 novembro 2014

Sobre os olhos vermelhos (13.11.2014_1h45)



Esses dias
Ainda vou atravessar aquela janela
Com vidro e tudo
E não me estatelar na calçada.
É verdade que
Do terceiro andar
Minha cabeça vai partir ao meio
E meu interior vai lavar o passeio.
É provável que isso aconteça
Talvez eu não me importe
Meu sangue é vermelho
E eu gosto dessa cor.


Mas, por enquanto
Prefiro apenas olhar o céu que
Sem minhas lentes
Não possui estrelas.
Mesmo assim
De onde observo
Deitada na cama macia e quente
Posso fazer de conta que
A luz vermelha acesa naquela torre
Vem de outra galáxia.

De repente, minha vista embaça
E não é pela falta dos óculos
Afinal de contas, chove lá fora
Uma chuva silenciosa
Que molha o gato dramático
Do andar inferior
Então, vejo menos e ouço mais
Até me dar conta
Que chove aqui dentro também
Nos meus grandes olhos já vermelhos
Vermelhos como meu interior no passeio
Vermelhos como a estrela da torre
Vermelho da cor, que eu não sei porquê

Mas é a que define o que sinto agora.